terça-feira, 18 de maio de 2010

A Doutrina Social da Igreja e problemas de nosso tempo

Todos sabemos que estamos passando, em nossos dias, por uma crise que ressoa fortemente nos campos social, econômico e político. Seu contorno, sua profundidade e sua extensão nos apontam para um desequilíbrio do vital humano1. Este ressoa em suas raízes mais profundas, o que fez a própria CNBB afirmar que, nesta crise, “chega-se à deformação das consciências, que aceitam como ‘normal’ ou ‘inevitável’ o que não tem nenhuma justificativa ética”2.

A desproporção dos indicadores econômicos mostra-nos que o preço social pago por causa desta crise é de grandes proporções, conjugando concentração de renda com condições miseráveis de vida e exclusão de grandes parcelas de nossa população. Aomesmo tempo, a sede voraz do lucro imediato agride também a natureza, hoje num desequilíbrio ecológico comprometedor. Os costumes políticos reinantes persistem na linha de uma política da demagogia, do clientelismo, do oportunismo, da impunidade, com altas taxas de corrupção. Falta transparência na condução da “coisa” pública (res publica) que acaba, não raro, sendo privatizada para saciar os interesses dos que, insensíveis ao bem comum, dele se servem irresponsavelmente e com prepotência. As próprias instituições estão em crise e encontram-se debilitadas ante o abismo existente entre as bases jurídicas daordem social e política e a realidade social que não incorpora de fato a lei enquanto garantia dos direitos do cidadão.

Clique aqui e confira o texto na íntegra

1 Cf. N. AGOSTINI, “Entre o instituinte e o instituído – Do ethos à ética”, in CNBB (org.), Ética, direito ejustiça. Reflexões sobre a reforma do judiciário, Petrópolis: Vozes, 1996, p. 100-108.
2 CNBB – XXXI Assembléia Geral, “Ética: Pessoa e Sociedade”, SEDOC 26 (1993), n° 3, p. 41.

Texto publicado no livro "Ética cristã e desafios atuais", Petrópolis, Editora Vozes, 2002, p. 201-255 (esgotado).

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